São Paulo - Centro de negócios para empresas portuguesas arranca em Setembro
Líder do BES Investimento do Brasil é representante máximo do grupo para o mercado brasileiro e toda a América Latina. Preside, desde o início do ano, à Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira de São Paulo e quer criar uma incubadora para as empresas portuguesas.
Assumiu a presidência da Câmara Luso-Brasileira de São Paulo no início do ano. Quais são os seus objetivos para dar mais visibilidade e mais eficácia à instituição que lidera?
O primeiro objetivo que está já em andamento, e que veio da anterior administração, é criar um centro de negócios, aproveitando uma área junto à Câmara Portuguesa, no prédio da Casa de Portugal. Trata-se de um plano que agora me compete colocar em prática. Vamos desenvolver esse centro de negócios para apoiar as empresas portuguesas que chegam ao Brasil e precisam de um local para trabalhar. Sabemos que muitas empresas chegam aqui e os seus representantes trabalham do lóbi hotel ou dos quartos, andam de um lado para o outro, e a ideia é poder abrigá-los temporariamente. Não será a sede da empresa, mas os empresários terão um local com Internet e secretariado para trabalhar.
Quanto tempo essas empresas vão poder ficar nessa “incubadora”?
Diria de três a seis meses, tudo dependerá. Depois de seis meses a empresa ou sabe que fica ou vai embora.
Como é que isso se compatibiliza com o papel que deve ter a AICEP?
Isto é feito com o total apoio da AICEP, que recebe as empresas portuguesas e vai poder encaminhar-nos, assim como o consulado. O próprio cônsul está muito interessado nisso; o próprio ministro Paulo Portas já perguntou várias vezes qual é a data de arranque para poder vir inaugurar este centro de negócios.
Qual é a data?
Penso que agora está para setembro. O processo retomou agora e hoje já estamos a trabalhar com os arquitetos. É um espaço onde vão caber 20 pessoas, mais uma sala de reuniões, apoio de secretariado, acesso à Internet. Tudo isso vai constituir um apoio para as empresas não se sentirem tão desabrigadas aqui. Além disso, queremos promover os negócios Brasil/Portugal e Portugal/Brasil, poder apoiar as missões empresariais, poder criar networking para os nossos associados. Temos cerca de 300 associados, que é um número importante.
Hoje, há verdadeiramente alguma vantagem em ser português no Brasil ou não?
A primeira vantagem é a língua.
Mas isso cria uma ideia de facilitismo, que na prática não existe. Isto é, a dificuldade de sucesso... Há muitas empresas que vêm cá, mas realmente quem fica porque tem sucesso é uma percentagem muito reduzida.
Os empresários têm de trazer um bom produto ou uma boa ideia para investir. A língua ajuda muito para abrir as portas (aqui nem toda agente fala inglês, francês ou alemão) e, por isso, tem sempre uma capacidade de comunicação muito mais fácil, mas se o seu produto não é competitivo, não é tecnologicamente avançado, não tem as vantagens que o consumidor brasileiro quer, não vai ter sucesso nenhum.
À medida que o Brasil cresce em importância política e económica e se vira para outro tipo de mercados e passa a ter outro tipo de relações, a capacidade das empresas portuguesas de entrarem neste mercado é inversamente proporcional?
Não, as empresas portuguesas também são avançadas tecnologicamente. Ainda há duas semanas a EDP veio aqui fazer um roadshow com grande parte dos seus fornecedores portugueses. Isso mostra que se a EDP veio mostrar aqui os seus fornecedores portugueses é porque acredita que são tecnologicamente avançados e têm capacidade para entrar no mercado brasileiro.
Não há razão para suspeitar que o insucesso de empresas portuguesas não é superior em termos de percentagem à de qualquer outro país?
De forma alguma. É preciso capital, talvez isso possa ser mais desvantajoso. Se quer montar aqui um negócio e não vem com capital suficiente talvez não consiga ser bem-sucedido.
Estas perguntas têm implícita uma avaliação que tem a ver com o que se percebe em Portugal. A atenção que o Brasil dava a Portugal com Lula não teve o mesmo seguimento com Dilma. Que avaliação faz deste ano de Portugal no Brasil?
Do ponto de vista cultural foi um sucesso. Culturalmente mostrou muito aos brasileiros da cultura portuguesa, pelo menos deste lado, de exposições, de eventos... Em termos de missões empresariais, houve algumas, mas não tantas como aquelas que nós gostaríamos que tivesse havido. Não sei qual o motivo. Nós próprios fizemos algumas, há umas semanas, mas também não percebi que tivesse despertado tanto interesse dos empresários portugueses. Não vieram tantos assim como imaginámos. Talvez seja uma questão dos dois lados.
Para mais informações:
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